Notícia Até 25% das vendas de carros elétricos na Alemanha pode ser ‘fake’, diz levantamento

A aparente robustez do mercado de veículos elétricos (EVs) na Alemanha pode estar mascarando uma demanda real enfraquecida. Nesse sentido, a Associação Alemã de Comércio Automotivo (ZDK) questionou a veracidade dos dados recentes de vendas, apontando que o setor está sendo inflado artificialmente pela prática de “auto-registro”.

Esse é termo para quando concessionárias e fabricantes emplacam os carros em seus próprios nomes para simular volume. Segundo a entidade, essa distorção estatística tem um objetivo claro: cumprir as rígidas metas de emissões de CO₂ impostas pela União Europeia. Dessa forma, evita-se multas milionárias, criando uma ilusão de crescimento que não condiz com a procura do consumidor final nas lojas.

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Segundo a agência Reuters, os números apresentados pela ZDK desenham um cenário preocupante para a sustentabilidade do setor. Em outubro, quase 25% de todos os novos registros de carros elétricos foram realizados pelas próprias revendedoras ou montadoras. O volume desses emplacamentos táticos cresceu 51% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Thomas Peckruhn, presidente da associação, foi enfático ao declarar que os índices atuais não refletem o apetite real do mercado. Enquanto os pátios acumulam modelos “vendidos” no papel, a indústria usa a estatística para maquiar a retração do comprador comum, que ainda hesita diante dos preços elevados e da infraestrutura de recarga.

O contraste entre a contabilidade oficial e a realidade do varejo alimenta o debate político na União Europeia. A Autoridade Federal de Transportes Motorizados (KBA) reporta um aumento de 39% nos registros de EVs nos primeiros dez meses de 2025, o que representaria 18% do mercado total. Contudo, ao descontar os registros forçados, a ZDK argumenta que a adoção orgânica está muito abaixo do projetado.

Esse cenário fortalece o lobby das grandes montadoras alemãs — como Volkswagen, BMW e Mercedes-Benz — que pressionam a União Europeia para flexibilizar a proibição da venda de motores a combustão, prevista para 2035. O argumento industrial ganha corpo: sem a demanda natural sustentando a transição, as metas ambientais tornam-se financeiramente inviáveis, dependendo de manobras contábeis para serem atingidas no papel.

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