No final dos anos 1970, mais especificamente em 1979, quase todas as fábricas que produziam carros no Brasil já ofereciam aos seus consumidores versões equipadas com motores totalmente movidos a álcool, ou etanol, como hoje é chamado o combustível oriundo da cana-de-açúcar. A Fiat já oferecia o 147 a álcool, e a Volkswagen já disponibilizava aos seus consumidores o Passat 1.5 a álcool. Era interessante para as marcas, na época, mostrar que suas engenharias trabalhavam rápido, e adaptavam aos seus carros o combustível derivado da cana.
VEJA TAMBÉM:
A GM começou a lançar os seus modelos a álcool um ano depois, em 1980, quando chegaram o Opala com motor 4 cilindros 2.5 e o Chevette 1.4, ambos movidos a etanol. A Volkswagen começou a comercializar o Passat alcoólico em 1979, mas apressou-se ao apresentar a Brasília, seu grande sucesso de venda na época, com motorização que queimava combustível de cana.
Sem motor mais potente, a VW instalou o boxer do Fusca que simplesmente fazia o “Zillhão” arrastar pelas ruas
O problema é que a marca alemã não possuía ainda o motor 1.6 a álcool para equipar a Brasília, seu familiar de sucesso. Por isso, apresentou o carro em 1979 equipado com motor 1.3 a álcool de dupla carburação, o mesmíssimo do Fusca 1300. Um erro estratégico mortal.
Quando adaptaram na Brasília o fraco motor 1.3, seu desempenho ficou crítico. Quando o Brasília 1300 a álcool começou a chegar nas mãos do consumidor, as reclamações se multiplicaram. Com apenas 49 cv contra os 65 cv de potência na versão 1.6 a gasolina, a Brasília a álcool gemia para andar, principalmente quando a família toda estava a bordo.
Além disso, a Brasília 1300 tinha um consumo exagerado. Como o carro não andava, era preciso dirigir quase todo o tempo com o pé no fundo do acelerador, para atingir um desempenho aceitável. Uma tortura para qualquer motorista racional!
Muitos leitores devem estar questionando o porquê da VW não ter desenvolvido o motor 1.6 a álcool. Diziam, na época, que, como os motores a álcool operam com uma taxa de compressão muito mais alta, os (parafusos) prisioneiros fixados no bloco do motor se afrouxavam, fazendo com que os cabeçotes se soltassem.
Como medida imediata para oferecerem a Brasília na versão a álcool, puseram nela o 1300 do Fusca, que já estava pronto e funcionando sem problemas. Foi uma espécie de remendo para a ausência do motor 1600 a álcool.
Em função das reclamações que se multiplicavam pelo baixo desempenho e alto consumo, a Brasília a álcool simplesmente deixou de vender, e por isso foi uma catástrofe comercial. Muitos que compraram o “mico” também o converteram para 1600 a gasolina, resolvendo os problemas. Trocavam o kit de cilindros e pistões do motor 1.3 para um kit de pistões e cilindros 1.6, adaptando a dupla carburação para uma calibração com combustível derivado do petróleo. Pronto!
Sua proposta era de ser um hatch familiar e espaçoso escorria pelo ralo com o motor esquálido de 49 cv
Como o motor 1.3 era fracote, o câmbio da versão original a álcool tinha uma relação de coroa e pinhão mais curta, fato que melhorava as arrancadas, mas fazia o motor girar mais alto quando se pegava uma estrada. Claro que esse fato comprometia também o consumo de combustível e o nível de ruído das adaptações com o 1600 a gasolina. Mas, fazer o que? Só mexendo na transmissão, o que dava trabalho e custava ainda mais dinheiro.
Com o kit 1600, a Brasília ganhava torque e potência, e seu desempenho melhorava substancialmente. Dessa forma, a ex-Brasília 1.3 álcool ficava viável para o uso diário, mesmo com toda a família a bordo numa subida de serra, por exemplo. O fato é que a versão 1300 a álcool foi tirada de linha em pouco tempo, e deixou uma péssima impressão para os consumidores da época, que enxergavam na Brasília um carro que unia a robustez mecânica do Fusca com um espaço interno amplo. Deslizes de nossa indústria que ficaram gravadas na história.
Continue lendo...
VEJA TAMBÉM:
- Chevrolet Astra: o foguete molhado da Bélgica
- Fiat Tempra duas portas: um mico que nem a Europa viu
- Tempra SW era tudo que nem a Fiat e nem o brasileiro precisavam
A GM começou a lançar os seus modelos a álcool um ano depois, em 1980, quando chegaram o Opala com motor 4 cilindros 2.5 e o Chevette 1.4, ambos movidos a etanol. A Volkswagen começou a comercializar o Passat alcoólico em 1979, mas apressou-se ao apresentar a Brasília, seu grande sucesso de venda na época, com motorização que queimava combustível de cana.

Sem motor mais potente, a VW instalou o boxer do Fusca que simplesmente fazia o “Zillhão” arrastar pelas ruas
O problema é que a marca alemã não possuía ainda o motor 1.6 a álcool para equipar a Brasília, seu familiar de sucesso. Por isso, apresentou o carro em 1979 equipado com motor 1.3 a álcool de dupla carburação, o mesmíssimo do Fusca 1300. Um erro estratégico mortal.
Quando adaptaram na Brasília o fraco motor 1.3, seu desempenho ficou crítico. Quando o Brasília 1300 a álcool começou a chegar nas mãos do consumidor, as reclamações se multiplicaram. Com apenas 49 cv contra os 65 cv de potência na versão 1.6 a gasolina, a Brasília a álcool gemia para andar, principalmente quando a família toda estava a bordo.
Brasília 1300 era um pudim de cachaça
Além disso, a Brasília 1300 tinha um consumo exagerado. Como o carro não andava, era preciso dirigir quase todo o tempo com o pé no fundo do acelerador, para atingir um desempenho aceitável. Uma tortura para qualquer motorista racional!
Muitos leitores devem estar questionando o porquê da VW não ter desenvolvido o motor 1.6 a álcool. Diziam, na época, que, como os motores a álcool operam com uma taxa de compressão muito mais alta, os (parafusos) prisioneiros fixados no bloco do motor se afrouxavam, fazendo com que os cabeçotes se soltassem.
Como medida imediata para oferecerem a Brasília na versão a álcool, puseram nela o 1300 do Fusca, que já estava pronto e funcionando sem problemas. Foi uma espécie de remendo para a ausência do motor 1600 a álcool.
Em função das reclamações que se multiplicavam pelo baixo desempenho e alto consumo, a Brasília a álcool simplesmente deixou de vender, e por isso foi uma catástrofe comercial. Muitos que compraram o “mico” também o converteram para 1600 a gasolina, resolvendo os problemas. Trocavam o kit de cilindros e pistões do motor 1.3 para um kit de pistões e cilindros 1.6, adaptando a dupla carburação para uma calibração com combustível derivado do petróleo. Pronto!

Sua proposta era de ser um hatch familiar e espaçoso escorria pelo ralo com o motor esquálido de 49 cv
Como o motor 1.3 era fracote, o câmbio da versão original a álcool tinha uma relação de coroa e pinhão mais curta, fato que melhorava as arrancadas, mas fazia o motor girar mais alto quando se pegava uma estrada. Claro que esse fato comprometia também o consumo de combustível e o nível de ruído das adaptações com o 1600 a gasolina. Mas, fazer o que? Só mexendo na transmissão, o que dava trabalho e custava ainda mais dinheiro.
Com o kit 1600, a Brasília ganhava torque e potência, e seu desempenho melhorava substancialmente. Dessa forma, a ex-Brasília 1.3 álcool ficava viável para o uso diário, mesmo com toda a família a bordo numa subida de serra, por exemplo. O fato é que a versão 1300 a álcool foi tirada de linha em pouco tempo, e deixou uma péssima impressão para os consumidores da época, que enxergavam na Brasília um carro que unia a robustez mecânica do Fusca com um espaço interno amplo. Deslizes de nossa indústria que ficaram gravadas na história.
Continue lendo...