Notícia Com e-bike em alta, cresce produção de bicicletas no Brasil em 2025

A indústria de bicicletas brasileira vive um momento de atenção renovada. De acordo com a mais recente projeção da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), a produção no Polo Industrial de Manaus (PIM) deve encerrar o ano de 2025 com cerca de 330 mil unidades fabricadas, um número que supera em 10 mil unidades a estimativa inicial de 320 mil.

Esse avanço reflete dois vetores principais: o aquecimento da demanda por bicicletas elétricas e a retomada de uma produção diversificada em segmentos como mountain-bike (MTB), urbana/lazer e infantojuvenil.

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Conforme relatório da entidade, nos primeiros nove meses de 2025 foram produzidas 270.050 bicicletas no PIM, uma queda de 2,9 % em relação ao mesmo período de 2024. Apesar desse recuo, o segmento de bicicletas elétricas despontou como destaque absoluto: foram produzidas 33.334 unidades até setembro, representando um crescimento de 144,8 % em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Hoje, as e-bikes correspondem a 12,3 % do total da produção, contra apenas 4,9 % em 2024.

Em termos de categorias tradicionais, a MTB lidera com 51,3 % do volume fabricado, seguida pela linha urbana/lazer (19,7 %) e infantojuvenil (13,4 %). A região Sudeste concentra 55,7 % da distribuição nacional da produção, seguida por Sul (15,4 %), Nordeste (12,1 %), Centro-Oeste (9,9 %) e Norte (6,9 %).

Esses números indicam uma indústria que permanece robusta e estruturada, mas que está claramente em processo de transição: a bicicleta elétrica passa de nicho para componente estratégico do negócio.

Por que as e-bikes estão ganhando espaço no Brasil


O salto de 144,8 % na produção de e-bikes revela que o mercado brasileiro está sintonizado com duas grandes tendências globais: mobilidade urbana sustentável e economia de deslocamento.

“Os consumidores têm optado pela bicicleta elétrica como alternativa para deslocamentos ágeis no cotidiano, evitando congestionamentos, reduzindo custos e colaborando para a mitigação dos impactos ambientais”, explica Fernando Rocha, vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo.

bicicleta eletrica branca rua

A e-bike aparece como solução híbrida entre transporte público e particular (Foto: Divulgação)

Vários fatores explicam essa aceleração:

  • Nas grandes cidades brasileiras, o trajeto casa-trabalho é cada vez mais congestionado e caro: a e-bike aparece como solução híbrida entre transporte público, carro particular e bicicleta convencional.
  • A tecnologia de motores e baterias está mais acessível, e o portfólio nacional já inclui modelos de produção local (via PIM), o que ajuda a reduzir custos e a adaptar especificações para o mercado interno.
  • Incentivos indiretos, como a valorização da mobilidade ativa, crescimento de ciclovias e iniciativas de micromobilidade também favorecem o cenário.
  • Para fabricantes, a e-bike agrega valor: permite expansão de margem, diferenciação de produto e solução completa ao consumidor urbano.

Esse conjunto de fatores coloca o Brasil num momento de “virada estratégica” para a indústria de duas rodas. Produzir 330 mil unidades em 2025 mostra escala, mas a participação de apenas 12,3 % de e-bikes revela espaço relevante para crescer.

A produção nacional em contexto internacional


Para entender onde o Brasil se posiciona, é importante fazer comparações com os mercados globais, especialmente Europa e Ásia, que lideram o segmento de bicicletas elétricas.

Europa


De acordo com relatórios recentes, o mercado de e-bikes na Europa está estimado em crescimento contínuo, mesmo diante de sinais de esgotamento de explosão inicial. Por exemplo, a Strategic Market Research aponta que a Europa teria vendido 2,1 milhões de e-bikes em 2023. Outro estudo indica que a participação da e-bike no total de vendas de bicicletas europeias já ultrapassava 20% em países como Itália em 2024.

Na Alemanha, uma das maiores bases industriais e de consumo da Europa, uma pesquisa de 2025 revela que mais de 28% dos adultos possuem uma e-bike ou pedelec, um salto considerável nos últimos anos. Essas evidências apontam que, embora o ritmo de crescimento possa estar moderando, a penetração das e-bikes na mobilidade urbana europeia está consolidada.

casal fazendo trilha de bicicleta shutterstock

Mountain bike ainda é a bicicleta mais fabrica no Brasil (Foto: Shutterstock)

Ásia e globalmente


O mercado asiático, dominado pela China, representa uma fatia majoritária das e-bikes produzidas e vendidas mundialmente. Relatórios indicam que a região Ásia-Pacífico teve cerca de 57% da receita global em e-bikes em 2024. Isso reflete grande escala de produção, forte oferta de modelos acessíveis e uma mobilidade ciclável já culturalmente mais enraizada.

O Brasil no panorama


Dentro desse contexto, o Brasil ainda opera em escala menor, 330 mil unidades projetadas em 2025 frente a milhões de unidades vendidas em grandes mercados europeus ou asiáticos. Mas o destaque não está apenas no número absoluto, e sim no ritmo de crescimento, o salto de quase 145 % em e-bikes até setembro mostra que o setor está acelerando rapidamente.

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