A bicicleta é uma das soluções mais inteligentes para os problemas de mobilidade urbana no Brasil. E, ainda assim, o seu potencial é subaproveitado. Com trânsito caótico, poluição em alta e cidades cada vez mais congestionadas, pensar em alternativas sustentáveis deixou de ser uma escolha: é uma necessidade urgente.
Neste cenário, a bicicleta aparece como protagonista silenciosa, mas esbarra em diversos desafios para realmente transformar a mobilidade das cidades brasileiras.
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Nesse texto, te ajudo a entender esses desafios e por que, apesar deles, pedalar ainda é uma das melhores escolhas que você pode fazer para si e para o planeta.
De acordo com o Relatório de Mobilidade Urbana de 2022 da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o número de veículos particulares no Brasil ultrapassou 110 milhões. Isso gera um impacto direto no trânsito, aumentando o tempo gasto em deslocamentos, a emissão de gases poluentes e os níveis de estresse da população urbana.
Ao mesmo tempo, o uso da bicicleta permanece restrito: segundo a pesquisa Mobilidade da População Urbana 2022 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas 7% dos deslocamentos nas cidades brasileiras são feitos por bicicleta.
Se compararmos com cidades de referência, como Copenhague (Dinamarca), onde 62% da população se desloca de bicicleta diariamente, percebemos o quanto ainda temos a evoluir.
Apenas 7% dos deslocamentos nas cidades brasileiras são feitos por bicicleta (Fernando Frazão | ABR)
Antes de falar dos desafios, é importante entender os benefícios sociais e individuais da bicicleta:
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que cada dólar investido em infraestrutura cicloviária gera US$ 5 em economia para o sistema de saúde, graças à redução de doenças relacionadas ao sedentarismo.
O uso oda bicicleta no Brasil como solução de mobilidade enfrenta muitos desafios.
O primeiro grande obstáculo é a infraestrutura insuficiente e desconectada. Segundo a Plataforma CicloMapa, o Brasil conta com cerca de 4.000 km de ciclovias, concentradas principalmente nas capitais. Para comparação, a cidade de Bogotá (Colômbia) tem mais de 600 km de ciclovias apenas dentro de seu município.
Muitas ciclovias brasileiras não se conectam entre si, terminam abruptamente ou obrigam o ciclista a compartilhar espaço com carros em vias de alta velocidade (algo que desestimula o uso).
“Infraestruturas seguras e contínuas são o que mais influenciam a decisão de usar a bicicleta”, aponta um estudo publicado pela revista científica Transport Reviews em 2021.
Bogotá, na Colômbia, tem 600 km de ciclovias (Foto: Matthieu Cattin | Shutterstock)
Pedalar em muitas cidades brasileiras é arriscado. O DataSUS registra que, em 2022, 13 ciclistas morriam por semana em acidentes de trânsito no Brasil.
As causas mais comuns são:
O carro é visto como símbolo de status em grande parte do Brasil, enquanto a bicicleta, infelizmente, ainda carrega o estigma de ser “transporte de pobre” ou “meio de lazer”, e não de mobilidade séria.
Essa percepção influencia políticas públicas e investimentos, que continuam priorizando obras rodoviárias em detrimento da mobilidade ativa.
Em cidades muito quentes, chuvosas ou com terrenos acidentados, pedalar pode ser mais desafiador. No entanto, isso pode ser mitigado com tecnologias modernas, como bicicletas elétricas, e com investimentos em ciclovias com sombra, locais para descanso e hidratação.
Idealmente, o ciclista deveria poder combinar o pedal com transporte público (metrô, ônibus, trem). No Brasil, essa integração ainda é incipiente. Em muitos lugares, nem mesmo existem bicicletários seguros nas estações.
Apesar dos desafios, existem iniciativas animadoras:
Para incentivar o uso da bicicleta na mobilidade urbanda no Brasil, precisamos melhorar a infraestrutura com:
Cidades como Paris investiram bilhões de euros em “superciclovias” e a cidade viu o número de ciclistas dobrar em poucos anos.
É essencial:
Mudanças culturais vêm de políticas públicas e educação:
Sugestões práticas:
Se você deseja incluir a bicicleta na sua rotina, veja 10 dicas para ir de bicicleta para o trabalho.
A bicicleta é muito mais do que uma alternativa: é uma resposta eficiente, saudável e sustentável aos problemas de mobilidade urbana do Brasil. Mas para que ela ocupe o lugar que merece, é preciso enfrentar desafios estruturais, culturais e políticos.
A boa notícia? Cada vez que você escolhe pedalar, você não apenas transforma seu próprio dia, mas também contribui para cidades mais humanas, seguras e conectadas.
Pedalar é, no fundo, um ato de esperança e de transformação.
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Neste cenário, a bicicleta aparece como protagonista silenciosa, mas esbarra em diversos desafios para realmente transformar a mobilidade das cidades brasileiras.
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Nesse texto, te ajudo a entender esses desafios e por que, apesar deles, pedalar ainda é uma das melhores escolhas que você pode fazer para si e para o planeta.
O cenário atual da mobilidade urbana no Brasil
De acordo com o Relatório de Mobilidade Urbana de 2022 da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), o número de veículos particulares no Brasil ultrapassou 110 milhões. Isso gera um impacto direto no trânsito, aumentando o tempo gasto em deslocamentos, a emissão de gases poluentes e os níveis de estresse da população urbana.
Ao mesmo tempo, o uso da bicicleta permanece restrito: segundo a pesquisa Mobilidade da População Urbana 2022 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), apenas 7% dos deslocamentos nas cidades brasileiras são feitos por bicicleta.
Se compararmos com cidades de referência, como Copenhague (Dinamarca), onde 62% da população se desloca de bicicleta diariamente, percebemos o quanto ainda temos a evoluir.

Apenas 7% dos deslocamentos nas cidades brasileiras são feitos por bicicleta (Fernando Frazão | ABR)
Por que incentivar o uso da bicicleta?
Antes de falar dos desafios, é importante entender os benefícios sociais e individuais da bicicleta:
- Redução da poluição: bicicletas não emitem CO₂, ajudando no combate às mudanças climáticas.
- Melhora da saúde pública: pedalar diminui riscos de doenças cardíacas, diabetes e obesidade.
- Descongestionamento das cidades: bicicletas ocupam menos espaço e reduzem o tráfego.
- Economia: pedalar é barato, sem combustível, impostos ou altos custos de manutenção.
- Inclusão social: bicicletas são acessíveis a uma parcela maior da população.
Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que cada dólar investido em infraestrutura cicloviária gera US$ 5 em economia para o sistema de saúde, graças à redução de doenças relacionadas ao sedentarismo.
Principais desafios para o uso da bicicleta no Brasil
O uso oda bicicleta no Brasil como solução de mobilidade enfrenta muitos desafios.
Falta de infraestrutura adequada
O primeiro grande obstáculo é a infraestrutura insuficiente e desconectada. Segundo a Plataforma CicloMapa, o Brasil conta com cerca de 4.000 km de ciclovias, concentradas principalmente nas capitais. Para comparação, a cidade de Bogotá (Colômbia) tem mais de 600 km de ciclovias apenas dentro de seu município.
Muitas ciclovias brasileiras não se conectam entre si, terminam abruptamente ou obrigam o ciclista a compartilhar espaço com carros em vias de alta velocidade (algo que desestimula o uso).
“Infraestruturas seguras e contínuas são o que mais influenciam a decisão de usar a bicicleta”, aponta um estudo publicado pela revista científica Transport Reviews em 2021.

Bogotá, na Colômbia, tem 600 km de ciclovias (Foto: Matthieu Cattin | Shutterstock)
Falta de segurança no trânsito
Pedalar em muitas cidades brasileiras é arriscado. O DataSUS registra que, em 2022, 13 ciclistas morriam por semana em acidentes de trânsito no Brasil.
As causas mais comuns são:
- Falta de respeito às leis de trânsito (como a distância mínima de 1,5m ao ultrapassar um ciclista).
- Excesso de velocidade dos veículos motorizados.
- Falta de campanhas educativas.
Cultura da “carrodependência”
O carro é visto como símbolo de status em grande parte do Brasil, enquanto a bicicleta, infelizmente, ainda carrega o estigma de ser “transporte de pobre” ou “meio de lazer”, e não de mobilidade séria.
Essa percepção influencia políticas públicas e investimentos, que continuam priorizando obras rodoviárias em detrimento da mobilidade ativa.
Condições climáticas e urbanas
Em cidades muito quentes, chuvosas ou com terrenos acidentados, pedalar pode ser mais desafiador. No entanto, isso pode ser mitigado com tecnologias modernas, como bicicletas elétricas, e com investimentos em ciclovias com sombra, locais para descanso e hidratação.
Falta de integração com outros modais
Idealmente, o ciclista deveria poder combinar o pedal com transporte público (metrô, ônibus, trem). No Brasil, essa integração ainda é incipiente. Em muitos lugares, nem mesmo existem bicicletários seguros nas estações.
O que o Brasil tem feito para melhorar?
Apesar dos desafios, existem iniciativas animadoras:
- Plano de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/2012): estabelece que as cidades devem priorizar modos de transporte não motorizados.
- Campanhas educativas como o “Maio Amarelo” têm abordado a importância de respeitar ciclistas no trânsito.
- Programas de bicicletas compartilhadas (como BikeSampa, BikeRio, Yellow e Tembici) têm popularizado o uso da bike em grandes centros.
Como vencer esses desafios?
Para incentivar o uso da bicicleta na mobilidade urbanda no Brasil, precisamos melhorar a infraestrutura com:
- Ciclovias contínuas, bem sinalizadas e conectadas aos centros urbanos.
- Estacionamentos seguros para bicicletas.
- Faixas exclusivas nas vias rápidas.
Cidades como Paris investiram bilhões de euros em “superciclovias” e a cidade viu o número de ciclistas dobrar em poucos anos.
Tornar o trânsito mais seguro
É essencial:
- Fiscalizar e punir motoristas que desrespeitam ciclistas.
- Reduzir limites de velocidade em áreas urbanas.
- Promover campanhas educativas permanentes.
Incentivar a cultura da bicicleta
Mudanças culturais vêm de políticas públicas e educação:
- Incentivos fiscais para quem usa bicicleta para trabalhar (como acontece na França).
- Projetos nas escolas para formar uma geração mais consciente.
Integrar bicicleta e transporte público
Sugestões práticas:
- Permitir o embarque de bicicletas em metrôs e trens fora dos horários de pico.
- Construir bicicletários gratuitos ou de baixo custo nas estações.
- Criar bilhetes combinados (metrô + aluguel de bike).
Investir em soluções para climas difíceis
- Bicicletas elétricas podem ajudar em cidades quentes ou montanhosas.
- Áreas de apoio para ciclistas (com sombra, bebedouros e vestiários) tornam a experiência muito mais agradável.
Se você deseja incluir a bicicleta na sua rotina, veja 10 dicas para ir de bicicleta para o trabalho.
A bicicleta é muito mais do que uma alternativa: é uma resposta eficiente, saudável e sustentável aos problemas de mobilidade urbana do Brasil. Mas para que ela ocupe o lugar que merece, é preciso enfrentar desafios estruturais, culturais e políticos.
A boa notícia? Cada vez que você escolhe pedalar, você não apenas transforma seu próprio dia, mas também contribui para cidades mais humanas, seguras e conectadas.
Pedalar é, no fundo, um ato de esperança e de transformação.
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