Notícia Ferrari: Tarifaço de Trump não impactará lucro

A decisão de Donald Trump de impor tarifas sobre produtos importados (o tarifaço), incluindo automóveis, desencadeou uma onda de preocupação entre os fabricantes globais. A lógica por trás dessa medida protecionista era clara: estimular a produção doméstica e fortalecer a indústria americana. No entanto, o caso da Ferrari revela uma complexidade que desafia essa visão simplista.

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Enquanto muitas montadoras temem o impacto negativo das tarifas, a Ferrari parece navegar por essas águas turbulentas com uma confiança notável. Os números do primeiro trimestre de 2025 são eloquentes: um lucro líquido de 693 milhões de euros e a entrega de 3.593 unidades. Esses resultados, à primeira vista, sugerem uma imunidade ao protecionismo de Trump.

O preço médio de uma Ferrari, girando em torno de 192 mil euros (ou US$ 218 mil), sofreu um acréscimo com a tarifa de 10%, elevando o valor para cerca de US$ 239.800. A questão que se impõe é: esse aumento, de fato, representa um obstáculo para o consumidor típico da Ferrari? A resposta, como sugere a própria empresa, parece ser um sonoro “não”.

ferrari 296 gtb 2022 vermelha de frente

Ferrari 296 GTB faz parte da gama oferecida nos Estados Unidos e impacto do tarifaço nas vendas deverá ser pequenos

A Reuters reporta que a Ferrari admite uma possível “ligeira” redução nos lucros devido às tarifas. Essa afirmação, no entanto, soa como um eufemismo diante da realidade dos fatos. A Ferrari, uma marca sinônimo de exclusividade e status, atende a um nicho de mercado onde a racionalidade econômica muitas vezes se curva diante do desejo e da ostentação. Um acréscimo de alguns milhares de dólares pode ser considerado um preço “aceitável” para a aquisição de um objeto de desejo tão cobiçado.

Ferrari e o tarifaço


A resiliência da Ferrari diante do tarifaço pode ser atribuída a diversos fatores. Primeiramente, a marca exerce um controle quase absoluto sobre sua produção, mantendo a oferta limitada e cultivando um senso de escassez que inflaciona o valor percebido de seus produtos. Em segundo lugar, o perfil do consumidor da Ferrari, em geral, não é o mais sensível a variações de preço. São indivíduos de alta renda, para quem a aquisição de um carro da marca representa não apenas um investimento, mas também uma forma de expressão de poder e sucesso.

Além disso, os Estados Unidos, um dos principais mercados da Ferrari, oferecem uma gama diversificada de modelos, desde os de produção em série até os de edição limitada. Essa variedade garante que, mesmo com o aumento dos preços, a demanda permaneça robusta.

Em última análise, o caso da Ferrari lança luz sobre as limitações do protecionismo como ferramenta para impulsionar a economia. Enquanto as tarifas podem prejudicar a competitividade de empresas que atuam em mercados mais sensíveis a preços, marcas de luxo como a Ferrari podem se mostrar surpreendentemente resilientes. A lição que se extrai é que o impacto das políticas econômicas varia significativamente dependendo do setor e do perfil do consumidor. No caso da Ferrari, a “canetada” de Trump pode ter sido mais um ruído de fundo do que um golpe fatal.

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