Notícia Fusca: como a VW tomou a decisão de descontinuar o clássico Brasil?


texto: Marcos Camargo Jr / fotos: VW Divulgação


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Engana-se quem pensa que a Volkswagen do Brasil simplesmente tirou o Fusca de linha pela primeira vez em 1986 de forma silenciosa. Foi uma despedida melancólica de um carro que ainda tinha seu público após quase 30 anos em produção.

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No dia 20 de junho, os fãs do Volkswagen Fusca comemora o seu Dia Mundial. A data não foi escolhida à toa: em 1934, foi assinado o contrato entre Ferdinand Porsche — o pai do projeto — e a Associação Nacional da Indústria Automobilística Alemã, ainda na época da Alemanha nazista, dando o pontapé oficial na produção daquele que se tornaria um dos carros mais icônicos do planeta. Ele efetivamente chegou ao mercado depois do conflito e se espalhou pelo mundo, da Europa para a América, África, Oriente Médio e Ásia. E por aqui não foi diferente.

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Só no Brasil, foram mais de 3 milhões de unidades produzidas em São Bernardo do Campo. O auge veio em 1972, com incríveis 220 mil Fuscas saindo da linha de montagem naquele ano. Mas em 1985, esse número despencou para apenas 44 mil unidades. Era o sinal de que a despedida estava próxima. E de fato estava: há exatos 40 anos, a Volkswagen já decidia internamente que o fim do Fusca era inevitável.

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O motivo? O Gol, lançado em 1980, já estava firme e forte no mercado. Além dele, a família crescia com Voyage e Parati, o que facilitava a transição: simplificar o Gol para assumir o posto do Fusca era uma jogada bem calculada pelos engenheiros da marca. Outras razões também levaram ao fim do fusca como o projeto obsoleto, a motorização refrigerada a ar que já não atendia padrões mínimos de eficiência e emissões além de regras de segurança.

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O Fusca ainda era barato e o público gostava do carro especialmente os mais velhos. Era o carro das empresas, veículo de apoio, viatura, o primeiro carro de muita gente e era bem mais barato que veículos como Chevrolet Chevette, Ford Corcel, Fiat 147 e o próprio Gol.

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Mesmo assim, em 1984, a VW lançou o Fusca Love, uma edição especial que apelava para a emoção dos brasileiros — afinal, o besouro já fazia parte da cultura popular. A campanha foi bonita, mas escondia um adeus programado. O projeto do Fusca já estava datado, tinha dificuldade para atender às novas regras de segurança e emissões, e já não acompanhava a evolução do mercado.

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Foi ainda em 1984 que Wolfgang Sauer, então presidente da Volkswagen do Brasil, procurou o ministro da Fazenda na época, Dilson Funaro, para avisar: o Fusca sairia de linha. A notícia acendeu um alerta. Em plena crise econômica e com a inflação fora de controle, a preocupação com o destino dos trabalhadores era real. Só na linha do Fusca, eram cerca de 2.200 funcionários envolvidos. Como o Gol já era fabricado em Taubaté (SP), o medo de demissões em São Bernardo era grande. Mas a Volkswagen se comprometeu: ninguém seria desligado — todos seriam realocados em outras funções.

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Com tudo planejado, a decisão foi oficializada apenas em 1986: o Fusca deixaria de ser produzido. Claro que ele ainda teria uma sobrevida anos depois, quando voltou às ruas em 1993 por influência direta do então presidente Itamar Franco — mas essa já é outra história.

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O fato é que, há 40 anos, a Volkswagen tomava uma das decisões mais marcantes da sua trajetória no Brasil. E assim o carro que conquistou o coração de milhões começava, aos poucos, a se despedir das linhas de produção.

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