Notícia Resposta do Sindirepa: ‘Troca do tensor simultânea à da correia dentada é pi-ca-re-ta-gem?’

O portal autopapo.com.br publicou, no ano passado, matéria alertando para uma prática que pode ser danosa ao consumidor: a troca simultânea da correia dentada (de sincronismo entre virabrequim e comando de válvulas) com o tensionador/rolamento. O sindicato dos reparadores de veículos questionou nossa matéria e exigiu “Direito de Resposta”, que publicamos a seguir.

“O Sindirepa BR (Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios), destaca que a expressão “picaretagem” usada, de forma genérica, na matéria (publicada pelo jornalista Boris Feldman) sobre troca simultânea da correia dentada e do tensor atinge toda a classe profissional de reparação de veículos sem que haja qualquer comprovação do comentário. A afirmação sem base em pesquisa ou dados concretos de que o desgaste prematuro das peças ocorre 99% das vezes por erro de instalação ou ajuste irregular do tensor prejudica os prestadores de serviço sérios e competentes, generalizando a situação. (Obs. 1)

O Sindirepa Brasil repudia práticas que lesam os consumidores e recomenda aos reparadores que os serviços sigam as normas ABNT. A entidade já publicou dezenas de normas para padronização de reparos, indicando os procedimentos corretos. No caso da troca da correia dentada, a norma ABNT do serviço é NR 15759: 2011. (Obs. 2)

A norma especifica os requisitos e a sistemática para os procedimentos de inspeção e substituição de correias de sincronismo, correias de acessórios, agregados e periféricos em motores de combustão interna ciclos Otto e Diesel de veículos em uso.

Nesta norma (item 4.1.1 letra h) destaca que a troca do tensionador deve ser feita “com o motor desligado e na temperatura ambiente, verificar visualmente ou com equipamento específico e substituir, se necessário, os componentes: polias dentadas, tensionadores, rolamentos e guias de apoio (visual)”. (Obs. 3)

Portanto, a norma deixa claro que, no momento da substituição da correia de sincronismo, deve ser observado (avaliado) o estado do tensionador da mesma, tendo em vista que a função deste componente é exercer força (tensão mecânica) na correia de sincronismo, o que promove o tensionamento na mesma. E considerando que a correia está sendo substituída pelo motivo de desgaste, o mesmo ocorre com o tensionador e o rolamento. Com o uso do veículo, há o desgaste natural das peças.

Para o proprietário do veículo, é mais viável economicamente substituir o conjunto (correia e tensor) do que um componente em cada ocasião, além, é claro, da segurança para garantir o funcionamento do motor. É também uma forma de evitar que o tensionador trave ou quebre, provocando a parada imediata do motor em rodovias ou grandes centros, além do risco de causar danos internos no motor e gerar um novo serviço e uma nova mão de obra que seria cobrada pela oficina, após o período de garantia da substituição da correi dentada.

Quanto ao período de troca da correia, o mesmo é definido pelo fabricante do veículo ou do motor.

Por todos esses motivos expostos, o Sindirepa Brasil entende que o termo picaretagem é totalmente inadequado, além de generalizar todo um setor, o qual tem evoluído ao longo dos anos e hoje é responsável pela manutenção da frota circulante do País – estimada em mais de 46 milhões de veículos (levantamento do Sindipeças). (Obs. 4)

Além disso, o Código de Defesa do Consumidor prevê as penalidades cabíveis para quem tenta ludibriar o cliente.

Atenciosamente,

Antonio Fiola

Presidente do Sindirepa-SP e Sindirepa Nacional

Observações de Boris Feldman em relação à defesa do Sindirepa BR​


1 – Leviandade por parte do Sindirepa me acusar ter afirmado “sem base em pesquisa” que 99% dos problemas provocados pelo tensionador/rolamento são provenientes de ajustes mal feitos pelos mecânicos. Pesquisei sim, e quem o afirmou (tenho áudio gravado da entrevista) foi a equipe técnica da Schaeffler, maior fabricante mundial de rolamentos, vendidos no Brasil sob as marcas FAG e INA.

2 – A ABNT publicou a norma de número 15.759, de 4/12/2009, sobre o procedimento. O Sindirepa, em 29/10/2011, solicitou à ABNT uma alteração, observando que a substituição do rolamento só deveria ser realizado se recomendado pelo fabricante do automóvel. Em 16/06/2011 a ABNT volta à carga e publica uma “segunda edição” da norma, sem sequer modificar seu número!

3 – Porém o Sindirepa avaliza meu texto ao mencionar a norma que diz textualmente: “verificar visualmente ou com equipamento específico e substituir, se necessário, os componentes…” . (grifo é meu). Confirma minha observação de a substituição não ser obrigatória, mas somente quando necessária;

4- Jamais generalizei o setor, pois tenho a maior consideração e respeito pelos reparadores de veículos. Fui sócio de oficina mecânica. Engenheiro, durante 20 anos, de uma fábrica de peças para motores. Ministrei cursos técnicos para frotistas, técnicos, alunos de engenharia e mecânicos.

Porém, reafirmo: “picareta” tem, sim, em qualquer profissão. Veste a carapuça que achar mais adequado.

Boris Feldman

Jornalista e Engenheiro

Também falei do assunto no vídeo abaixo:


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