O novo Fiat Grande Panda, apresentado na Europa, já está com o passaporte carimbado para o Brasil. Ele irá marcar a estreia da plataforma CMP na marca italiana por aqui, servindo como base para sucessores do Pulse, Fastback, Strada e outros modelo.
Mas a Fiat do Brasil conhece bem o seu público e deverá mudar algumas coisas no carro para agradar ao gosto local. Até o nome é incerto, o portal Autos Segredos apurou que o nome Panda estampado na lateral será eliminado.
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A Fiat do Brasil faz esse tipo de mudanças nos carros vendidos aqui pois já teve azar no passado trazendo modelos mais adequados ao hemisfério norte. Vamos relembrar aqui cinco casos.
A falha em uma mangueira criava risco de incêndio no médio
A Fiat ficou nos carros compactos desde que inaugurou sua fábrica em Betim (MG), no ano de 1976. Ela criou uma gama completa de carrocerias para o 147 e depois fez o mesmo com o Uno.
A abertura das importações permitiu que ela importasse alguns modelos mais caros para complementar a gama. O Tipo foi o hatch médio que veio para acompanhar o Tempra nacional como ofertas mais refinadas que o Uno.
O Fiat Tipo chegou com um desenho bem resolvido e três opções de motorização: o 1.6 Sevel, idêntico ao das versões de topo do Uno, o 2.0 8 válvulas compartilhado com o Tempra e um 2.0 16v mais forte para o esportivo Sedicivalvole.
Ele chegou a ser líder de vendas em seu segmento, mas a imagem mudou rapidamente após várias unidades entrarem em combustão. O motivo era o risco de rompimento nas mangueiras de alta pressão do fluído da direção hidráulica. Caso isso ocorresse, o fluído entrava em contato com o coletor de escape e o carro pegava fogo.
O problema foi solucionado com um grande recall, porém o carro ficou “queimado” no mercado. Foi criada até a associação de vítimas do incêndio do Tipo, a Avitipo.
Duas versões do Bravo estavam confirmadas e ele chegou a ser testado pela imprensa, mas foi cancelado em cima da hora
A Fiat possui um estigma de não ter sorte do mercado de carros médios. Ela planejou trazer o Bravo da Europa como sucessor do Tipo. O hatch médio de duas portas foi confirmado em 1998, teve sua apresentação feita no Salão do Automóvel e até virou capa de revista.
O Fiat Bravo tinha uma missão desafiadora: competir contra os recém-lançados Chevrolet Astra e Volkswagen Golf nacionais. Foram confirmadas as versões SX 1.6 e HGT com o 2.0 de cinco cilindros.
Em janeiro de 1999, mês onde o hatch foi capa na revista Quatro Rodas, foi anunciado o cancelamento da importação do Bravo. O motivo foi a alta do dólar, que tornou inviável trazer o carro da Itália.
A revista também iria sortear um Bravo, mas com o cancelamento foi obrigada a fazer isso com um Tempra. Algumas unidades do Bravo chegaram ao país e foram registradas, colecionadores fãs da Fiat disputam esses carros.
Para remediar, a Fiat anunciou a produção nacional do Brava, versão de quatro portas do Bravo e com estilo diferente na traseira. Esse modelo compartilha mais componentes com o Marea, que já era produzido em Betim (MG).
Diferente do Tipo, o Bravo não conseguiu sucesso e ficou sempre ofuscado pelo Astra e pelo Golf. Esse nome voltou em outro hatch médio, lançado em 2010, já com produção nacional. E igualmente sem sucesso.
O carro em si era bom, mas um erro no plano de manutenção criou a imagem de problemático
Fazendo uma analise puramente técnica, o Fiat Marea era o que existia de melhor no segmento dos sedãs médios quando foi lançado em 1998. Ele contava com suspensão independente nas quatro rodas montadas em sub-chassis, interior bem acabado, um bom pacote de equipamentos e um moderno motor de cinco cilindros.
O Marea chegou alinhado com o que tinha de melhor na Europa, mas a Fiat do Brasil cometeu o erro de trazer as recomendações de manutenção europeias também. As nossas condições de rodagem, com asfalto ruim, muita poeira, gasolina comum sem aditivos detergente/dispersantes e temperaturas elevadas exigem um plano de revisões diferente.
A Fiat lançou o Marea com recomendações de manutenções a cada 20 mil km, incluindo a troca do óleo. Na época o comum no país era fazer a cada 5 mil km, devido às condições locais.
Outro agravante para manter um Marea e que ajudou na fama ruim foi a troca da correia dentada. Era necessário usar uma ferramenta específica para isso. Caso a oficina não tenha ela, é preciso tirar o motor do cofre para isso.
Os primeiros donos, que seguiram essa recomendação europeia de manutenção, tiveram muitos problemas e criou a fama ruim do carro. Por ter chegado ao mercado de usado com valores bem baixos, o Marea acabou indo parar nas mãos de pessoas que não estavam dispostas a gastar muito para mantê-lo, reforçando ainda mais a imagem negativa.
No total, foram vendidas apenas 54.781 unidades durante seus 9 anos de produção. Alguns rivais vendiam volume similar em apenas um ano.
O primeiro SUV da marca italiana tinha motor de quatro cilindros que bebia como um V6
O lançamento do Ford EcoSport tornou os SUVs bastante desejados no Brasil. Toda marca queria ter o seu e a Fiat tinha o problema de não ter um em sua gama global. Ela quebrava um galho com a linha Adventure.
Quando a Fiat comprou a Chrysler, após a crise de 2009, ela passou a ter acesso a uma gama de SUVs. O escolhido para ganhar o escudo vermelho da marca italiana foi o Dodge Journey.
Ele foi rebatizado para Fiat Freemont e trazia apenas mudanças na grade e nos emblemas. Originalmente, o plano da Fiat era vender o modelo em mercado onde a Dodge não era presente, como na Europa.
O Brasil foi o único país onde o Freemont e o Journey eram disponíveis. A diferença era que o modelo da Fiat trazia motor 2.4 de quatro cilindros enquanto o da Dodge usava um V6 3.6 bastante forte.
A produção no México permitia que a Fiat vendesse o Freemont de 7 lugares com preços bastante agressivos, similares ao do Captiva de 5 lugares. Toda essa economia feita na compra deveria ser guardada para abastecer o carro.
O maior calcanhar de Aquiles do Fiat Freemont era o consumo de combustível altíssimo, similar ao do irmão com seis cilindros. E seu desempenho era fraco, os benefícios ficavam mais pelo espaço interno.
O Stilo era uma vitrine de tecnologia, mas podia perder a roda com o carro em movimento
Após o azar com os incêndios do Tipo e a falta de sucesso do Brava, a Fiat apostou no Stilo para incomodar o tradicional Volkswagen Golf. A moda na época era ter minivan e o hatch médio da Fiat trouxe elementos desse tipo de carro, como o teto elevado, o porta-luvas duplo, o banco traseiro com regulagem e as mesinhas nas costas dos bancos dianteiros.
A cabine era bastante recheada de tecnologia, com o CD-player que reproduzia MP3, o ar-condicionado de duas zonas, o teto solar panorâmico, os seis airbags e o computador de bordo My Car. Mas a Fiat foi mais conservadora na mecânica, adotou o confiável motor 1.8 Família 1 da General Motors em versões de 8 ou 16 válvulas. O 2.4 de cinco cilindros, compartilhado com o Marea, era usado na versão Abarth.
O uso dessa mecânica foi um bom argumento para quem temia a fama ruim criada pelo Marea. O motor Família 1 (de quando GM e Fiat eram parceiras) tem concepção simples e já era um velho conhecido do mercado, estreando em 1994 com o primeiro Chevrolet Corsa.
O motivo do Fiat Stilo estar aqui é outro. Foi usado um cubo de roda defeituoso em alguns modelos do hatch, que quebrava com o carro em movimento e gerou alguns acidentes com capotamento. O recall só foi feito após uma exigência do Ministério da Justiça.
O Fiat Stilo também foi manchado por ter vários problemas elétricos. Todos os recursos tecnológicos dele, muitos inéditos em carros nacionais, aumentava a complexidade e tornam os reparos mais difíceis.
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Mas a Fiat do Brasil conhece bem o seu público e deverá mudar algumas coisas no carro para agradar ao gosto local. Até o nome é incerto, o portal Autos Segredos apurou que o nome Panda estampado na lateral será eliminado.
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A Fiat do Brasil faz esse tipo de mudanças nos carros vendidos aqui pois já teve azar no passado trazendo modelos mais adequados ao hemisfério norte. Vamos relembrar aqui cinco casos.
1. Fiat Tipo

A falha em uma mangueira criava risco de incêndio no médio
A Fiat ficou nos carros compactos desde que inaugurou sua fábrica em Betim (MG), no ano de 1976. Ela criou uma gama completa de carrocerias para o 147 e depois fez o mesmo com o Uno.
A abertura das importações permitiu que ela importasse alguns modelos mais caros para complementar a gama. O Tipo foi o hatch médio que veio para acompanhar o Tempra nacional como ofertas mais refinadas que o Uno.
O Fiat Tipo chegou com um desenho bem resolvido e três opções de motorização: o 1.6 Sevel, idêntico ao das versões de topo do Uno, o 2.0 8 válvulas compartilhado com o Tempra e um 2.0 16v mais forte para o esportivo Sedicivalvole.
Ele chegou a ser líder de vendas em seu segmento, mas a imagem mudou rapidamente após várias unidades entrarem em combustão. O motivo era o risco de rompimento nas mangueiras de alta pressão do fluído da direção hidráulica. Caso isso ocorresse, o fluído entrava em contato com o coletor de escape e o carro pegava fogo.
O problema foi solucionado com um grande recall, porém o carro ficou “queimado” no mercado. Foi criada até a associação de vítimas do incêndio do Tipo, a Avitipo.
2. Primeiro Fiat Bravo

Duas versões do Bravo estavam confirmadas e ele chegou a ser testado pela imprensa, mas foi cancelado em cima da hora
A Fiat possui um estigma de não ter sorte do mercado de carros médios. Ela planejou trazer o Bravo da Europa como sucessor do Tipo. O hatch médio de duas portas foi confirmado em 1998, teve sua apresentação feita no Salão do Automóvel e até virou capa de revista.
O Fiat Bravo tinha uma missão desafiadora: competir contra os recém-lançados Chevrolet Astra e Volkswagen Golf nacionais. Foram confirmadas as versões SX 1.6 e HGT com o 2.0 de cinco cilindros.
Em janeiro de 1999, mês onde o hatch foi capa na revista Quatro Rodas, foi anunciado o cancelamento da importação do Bravo. O motivo foi a alta do dólar, que tornou inviável trazer o carro da Itália.
A revista também iria sortear um Bravo, mas com o cancelamento foi obrigada a fazer isso com um Tempra. Algumas unidades do Bravo chegaram ao país e foram registradas, colecionadores fãs da Fiat disputam esses carros.
Para remediar, a Fiat anunciou a produção nacional do Brava, versão de quatro portas do Bravo e com estilo diferente na traseira. Esse modelo compartilha mais componentes com o Marea, que já era produzido em Betim (MG).
Diferente do Tipo, o Bravo não conseguiu sucesso e ficou sempre ofuscado pelo Astra e pelo Golf. Esse nome voltou em outro hatch médio, lançado em 2010, já com produção nacional. E igualmente sem sucesso.
3. Fiat Marea

O carro em si era bom, mas um erro no plano de manutenção criou a imagem de problemático
Fazendo uma analise puramente técnica, o Fiat Marea era o que existia de melhor no segmento dos sedãs médios quando foi lançado em 1998. Ele contava com suspensão independente nas quatro rodas montadas em sub-chassis, interior bem acabado, um bom pacote de equipamentos e um moderno motor de cinco cilindros.
O Marea chegou alinhado com o que tinha de melhor na Europa, mas a Fiat do Brasil cometeu o erro de trazer as recomendações de manutenção europeias também. As nossas condições de rodagem, com asfalto ruim, muita poeira, gasolina comum sem aditivos detergente/dispersantes e temperaturas elevadas exigem um plano de revisões diferente.
A Fiat lançou o Marea com recomendações de manutenções a cada 20 mil km, incluindo a troca do óleo. Na época o comum no país era fazer a cada 5 mil km, devido às condições locais.
Outro agravante para manter um Marea e que ajudou na fama ruim foi a troca da correia dentada. Era necessário usar uma ferramenta específica para isso. Caso a oficina não tenha ela, é preciso tirar o motor do cofre para isso.
Os primeiros donos, que seguiram essa recomendação europeia de manutenção, tiveram muitos problemas e criou a fama ruim do carro. Por ter chegado ao mercado de usado com valores bem baixos, o Marea acabou indo parar nas mãos de pessoas que não estavam dispostas a gastar muito para mantê-lo, reforçando ainda mais a imagem negativa.
No total, foram vendidas apenas 54.781 unidades durante seus 9 anos de produção. Alguns rivais vendiam volume similar em apenas um ano.
4. Fiat Freemont

O primeiro SUV da marca italiana tinha motor de quatro cilindros que bebia como um V6
O lançamento do Ford EcoSport tornou os SUVs bastante desejados no Brasil. Toda marca queria ter o seu e a Fiat tinha o problema de não ter um em sua gama global. Ela quebrava um galho com a linha Adventure.
Quando a Fiat comprou a Chrysler, após a crise de 2009, ela passou a ter acesso a uma gama de SUVs. O escolhido para ganhar o escudo vermelho da marca italiana foi o Dodge Journey.
Ele foi rebatizado para Fiat Freemont e trazia apenas mudanças na grade e nos emblemas. Originalmente, o plano da Fiat era vender o modelo em mercado onde a Dodge não era presente, como na Europa.
O Brasil foi o único país onde o Freemont e o Journey eram disponíveis. A diferença era que o modelo da Fiat trazia motor 2.4 de quatro cilindros enquanto o da Dodge usava um V6 3.6 bastante forte.
A produção no México permitia que a Fiat vendesse o Freemont de 7 lugares com preços bastante agressivos, similares ao do Captiva de 5 lugares. Toda essa economia feita na compra deveria ser guardada para abastecer o carro.
O maior calcanhar de Aquiles do Fiat Freemont era o consumo de combustível altíssimo, similar ao do irmão com seis cilindros. E seu desempenho era fraco, os benefícios ficavam mais pelo espaço interno.
5. Fiat Stilo

O Stilo era uma vitrine de tecnologia, mas podia perder a roda com o carro em movimento
Após o azar com os incêndios do Tipo e a falta de sucesso do Brava, a Fiat apostou no Stilo para incomodar o tradicional Volkswagen Golf. A moda na época era ter minivan e o hatch médio da Fiat trouxe elementos desse tipo de carro, como o teto elevado, o porta-luvas duplo, o banco traseiro com regulagem e as mesinhas nas costas dos bancos dianteiros.
A cabine era bastante recheada de tecnologia, com o CD-player que reproduzia MP3, o ar-condicionado de duas zonas, o teto solar panorâmico, os seis airbags e o computador de bordo My Car. Mas a Fiat foi mais conservadora na mecânica, adotou o confiável motor 1.8 Família 1 da General Motors em versões de 8 ou 16 válvulas. O 2.4 de cinco cilindros, compartilhado com o Marea, era usado na versão Abarth.
O uso dessa mecânica foi um bom argumento para quem temia a fama ruim criada pelo Marea. O motor Família 1 (de quando GM e Fiat eram parceiras) tem concepção simples e já era um velho conhecido do mercado, estreando em 1994 com o primeiro Chevrolet Corsa.
O motivo do Fiat Stilo estar aqui é outro. Foi usado um cubo de roda defeituoso em alguns modelos do hatch, que quebrava com o carro em movimento e gerou alguns acidentes com capotamento. O recall só foi feito após uma exigência do Ministério da Justiça.
O Fiat Stilo também foi manchado por ter vários problemas elétricos. Todos os recursos tecnológicos dele, muitos inéditos em carros nacionais, aumentava a complexidade e tornam os reparos mais difíceis.
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