O primeiro semestre de 2025 confirmou que o mercado automotivo brasileiro vive um novo ciclo — mais criterioso, digital e atento ao custo total de propriedade. A produção de veículos leves alcançou 1,226 milhão de unidades, segundo a Anfavea, avanço de 7,8% sobre o mesmo período de 2024. Mas boa parte desse crescimento foi puxada por exportações, sobretudo para a Argentina, que respondeu por 60% dos embarques.
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No mercado interno, as vendas de veículos leves nacionais no varejo desapontaram, caindo 10% em relação ao ano passado. Os importados, por sua vez — em especial os chineses — avançam rapidamente: já representam 6% das vendas, e a estimativa é que cheguem a 8% até o fim do ano, com cerca de 200 mil unidades.
Em meio a pressões econômicas que ainda não deram trégua — como juros altos, crédito mais seletivo e inadimplência crescente — os seminovos e usados se consolidaram como protagonistas. De janeiro a junho, foram negociadas 8,35 milhões de unidades no país, segundo a Fenauto, alta de 13,7% sobre o mesmo período de 2024. Trata-se de um segmento em franca expansão, com números recordes: em 2024, já haviam sido vendidos 15,7 milhões de veículos, o melhor desempenho desde 2011.
Mais do que volume, o que se vê é uma transformação no comportamento do consumidor. Com o orçamento mais apertado, cresce a busca por modelos seminovos de baixa quilometragem, ainda dentro da garantia e com histórico confiável. É uma alternativa mais segura e acessível à troca de carro, sem abrir mão da qualidade ou da experiência de uso.
Outro fator decisivo é a digitalização. Plataformas online e redes sociais têm facilitado a comparação de ofertas, a consulta de histórico e a negociação direta — e se tornaram canais preferenciais para compra e venda. Esse ambiente mais transparente favorece tanto o consumidor quanto os lojistas que investem em confiança e reputação.
A retração do crédito é mais um fator que impulsiona os seminovos. Com a taxa Selic mantida em 15%, os financiamentos ficaram mais caros e restritos. Dados do Banco Central mostram queda nas concessões, inclusive para carros usados, o que tem levado muitos compradores a recorrer a recursos próprios ou buscar carros mais acessíveis.
Ao mesmo tempo, a inadimplência pressiona: 78,2% das famílias brasileiras estão endividadas, e os atrasos nos pagamentos dos financiamentos de veículos já atingem 5% entre pessoas físicas.
Com a taxa Selic mantida em 15%, os financiamentos ficaram mais caros e restritos (Foto: Shutterstock)
Ainda assim, o desempenho positivo no primeiro semestre mostra a resiliência desse segmento. O portal de estatísticas Horizon Databook projeta que o mercado de seminovos no Brasil cresça 8,1% ao ano até 2030, consolidando-se como peça-chave da mobilidade.
Os eletrificados novos são um capítulo à parte. Os números impressionam: 73,5 mil unidades vendidas no semestre, alta de 65%! O avanço das montadoras chinesas, contudo, levanta alertas. Representantes da indústria nacional e sindicatos temem que a concorrência desequilibre o mercado e afete empregos.
Nesse contexto, o governo federal lançou a política do Carro Sustentável, que prevê isenção ou redução de IPI para modelos com menores níveis de emissão, na tentativa de estimular a produção local de veículos híbridos e elétricos.
Embora ainda em fase inicial, a medida busca alinhar a transição energética com a proteção da cadeia automotiva nacional. Some-se a isso o impacto do tarifaço anunciado por Donald Trump para produtos brasileiros e tem um cenário ainda mais incerto para o setor automotivo nacional.
O segundo semestre exigirá adaptação e agilidade das empresas do setor. Com o consumidor cada vez mais pragmático, vence quem oferece transparência, condições justas e uma boa experiência de compra.
Os seminovos não são apenas uma alternativa. São, hoje, a escolha inteligente de quem busca equilíbrio entre custo, segurança e conveniência. Em um mercado que segue se transformando, essa tendência está longe de ser passageira — e promete ditar o ritmo da mobilidade brasileira nos próximos anos.
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No mercado interno, as vendas de veículos leves nacionais no varejo desapontaram, caindo 10% em relação ao ano passado. Os importados, por sua vez — em especial os chineses — avançam rapidamente: já representam 6% das vendas, e a estimativa é que cheguem a 8% até o fim do ano, com cerca de 200 mil unidades.
Em meio a pressões econômicas que ainda não deram trégua — como juros altos, crédito mais seletivo e inadimplência crescente — os seminovos e usados se consolidaram como protagonistas. De janeiro a junho, foram negociadas 8,35 milhões de unidades no país, segundo a Fenauto, alta de 13,7% sobre o mesmo período de 2024. Trata-se de um segmento em franca expansão, com números recordes: em 2024, já haviam sido vendidos 15,7 milhões de veículos, o melhor desempenho desde 2011.

Mais do que volume, o que se vê é uma transformação no comportamento do consumidor. Com o orçamento mais apertado, cresce a busca por modelos seminovos de baixa quilometragem, ainda dentro da garantia e com histórico confiável. É uma alternativa mais segura e acessível à troca de carro, sem abrir mão da qualidade ou da experiência de uso.
Plataformas digitais dinamizaram a jornada de compra
Outro fator decisivo é a digitalização. Plataformas online e redes sociais têm facilitado a comparação de ofertas, a consulta de histórico e a negociação direta — e se tornaram canais preferenciais para compra e venda. Esse ambiente mais transparente favorece tanto o consumidor quanto os lojistas que investem em confiança e reputação.
A retração do crédito é mais um fator que impulsiona os seminovos. Com a taxa Selic mantida em 15%, os financiamentos ficaram mais caros e restritos. Dados do Banco Central mostram queda nas concessões, inclusive para carros usados, o que tem levado muitos compradores a recorrer a recursos próprios ou buscar carros mais acessíveis.
Ao mesmo tempo, a inadimplência pressiona: 78,2% das famílias brasileiras estão endividadas, e os atrasos nos pagamentos dos financiamentos de veículos já atingem 5% entre pessoas físicas.

Com a taxa Selic mantida em 15%, os financiamentos ficaram mais caros e restritos (Foto: Shutterstock)
Ainda assim, o desempenho positivo no primeiro semestre mostra a resiliência desse segmento. O portal de estatísticas Horizon Databook projeta que o mercado de seminovos no Brasil cresça 8,1% ao ano até 2030, consolidando-se como peça-chave da mobilidade.
Os eletrificados novos são um capítulo à parte. Os números impressionam: 73,5 mil unidades vendidas no semestre, alta de 65%! O avanço das montadoras chinesas, contudo, levanta alertas. Representantes da indústria nacional e sindicatos temem que a concorrência desequilibre o mercado e afete empregos.
Nesse contexto, o governo federal lançou a política do Carro Sustentável, que prevê isenção ou redução de IPI para modelos com menores níveis de emissão, na tentativa de estimular a produção local de veículos híbridos e elétricos.
Embora ainda em fase inicial, a medida busca alinhar a transição energética com a proteção da cadeia automotiva nacional. Some-se a isso o impacto do tarifaço anunciado por Donald Trump para produtos brasileiros e tem um cenário ainda mais incerto para o setor automotivo nacional.
Conclusão: a escolha racional ganha força
O segundo semestre exigirá adaptação e agilidade das empresas do setor. Com o consumidor cada vez mais pragmático, vence quem oferece transparência, condições justas e uma boa experiência de compra.
Os seminovos não são apenas uma alternativa. São, hoje, a escolha inteligente de quem busca equilíbrio entre custo, segurança e conveniência. Em um mercado que segue se transformando, essa tendência está longe de ser passageira — e promete ditar o ritmo da mobilidade brasileira nos próximos anos.
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